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*imagem retirada da pesquisa do Google. |
Hoje eu acordei e me dei conta de que não estava feliz. Que, apesar de ter caminhando muito, não havia chegado onde eu queria. Que o decorrer dos meus dias não eram felizes, ou belos, ou completos. Imediatamente percebi que vim iludindo a mim mesmo por muito tempo. Sempre havia uma desculpa para deixar para depois, um medo para mostrar que não era para mim, um conformismo de que não havia como. Deixei me levar por muitas circunstancias, algumas da vida, outras fabricadas por mim. O fato é que não consegui sorrir quando olhei minha cara no espelho do banheiro. Sabia que encontraria rugas indesejadas, cabelos brancos, uma história pesada demais para carregar nos ombros.
Vivi muitas histórias, de finais felizes, tristes, inesperados. Sofri por antecipação, por dor, por desespero. Quis que o tempo passasse logo e quis que ele se arrastasse. Achei que era dono do mundo e me percebi menino. Construí uma casca para me proteger e acabei me isolando. Deixei de fora quem me queria bem, tapei os ouvidos quando não quis mais ouvir as verdades que a vida tinha para me contar. Corri, desesperado corri de um lado para o outro sem saber o que fazer. Angustiado com o presente e duvidoso do futuro. Troquei as pernas e cai.
Cai num profundo breu, numa escuridão fria que habitava em mim. E não fui capaz de me libertar dela essa manhã. Peguei o celular e troquei algumas mensagens vazias, procurando uma vida que não era a minha. Um espaço no tempo em que me perdi de mim. Minha cabeça não pensava, agia no automático, na rotina, era capaz de estar morto e ainda sim conferir os gols da rodada do fim de semana. A vida jazia em mim, em seu lugar um silêncio robusto, desconsertante.
Comecei a olhar mais perto e a procurar minha alma, não achei. Os sentimentos de garoto, as lembranças de ouvir música no escuro, a leveza do sexo com a namorada, os planos do futuro estavam lá, só infinitamente distantes. Pareciam ter sido vividos em outra vida, por outra pessoa, talvez até um eu de outro tempo. Um sem tanta bagagem, sem tanta frustração, alguém que sonhar não doía. Um eu num mundo mais simples, sem tantas regras, sem tantas cobranças.
Queria saber voltar a esse momento, retomar tudo o que se foi. Não possuo uma máquina do tempo, não sei encontrar o caminho de volta para os dias que perdi. Há apenas a possibilidade de seguir em frente. Quem sabe criar algo novo, diferente de tudo que já vivi e que estou vivendo. Uma nova roupagem de mim. Me reinventar. Traçar novos rumos, outros planos, voos mais altos. Ter novos dias, um novo eu.
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5 Comments
Amanda Soldi
2 de agosto de 2016 at 16:15Nossa lendo seu texto eu me vi em várias partes viu, eu acho que em algum ponto da vida todos nos sentimos meio assim, alguns mais do que outros. Acho que a questão é não afundar no pensamento e tentar fazer algo pra mudar, por mais difícil que pareça agora.
Beijos,
Amanda
http://talesandtalks.blogspot.com.br/
melissa moreira
2 de agosto de 2016 at 16:15Nossa! Parabéns! Muito profundo eu amei! Faz um tempo que não encontro mais textos com esse drama, que chega tocar a alma.
Beijos ❤
Jardim de Palavras
sandra mayworm
3 de agosto de 2016 at 21:24Maravilhoso o texto, Lu! Também me vi, de certa forma nele…talvez as dores sejam mesmo "do mundo" e não direito exclusivo de um sofredor, rsss!
Gosto das palavras que você "acha"
Bjs!
Ciana Andrade
6 de agosto de 2016 at 21:38Lu eu não acredito no acaso, eu hoje poste no meu facebook sobre máquina do tempo e não tinha lido seu texto.Creio que esse texto só vem a reforçar tudo o que eu estou passando no momento. Para sobreviver eu preciso de um novo "eu", não que eu perca a essência, mas preciso me adaptar e não deixar que a minha vida escorra como água pelo ralo.
Lindo texto e muito reflexivo. Saudades… bjs
nanda cardoso
6 de agosto de 2016 at 21:38Que texto lindo..amei!!
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aspoesiasdananda.blogspot.com.br