Só o amor não basta!

Outra das mentiras que acreditamos desde… nem me lembro quando! Um segredo que teria evitado muitos corações perdidos, muitos desencontros, um bocado de lágrimas no travesseiro e culpas tão amargas quanto limas ácidas. Só o amor não basta! Não importa o quanto você ama, o quão profundo é o sentimento enraizado nesse peito, apenas ele não sustenta um relacionamento. Mas isso você até que já sabia! A maldade mesmo está em descobrir que não adianta ser recíproco, isso só aumenta a dor de tentar fazer durar. Ficamos segurando as quatro pontas desse desastre que nomeamos como união. Não dá para entender. Sei que dizem que o amor tudo suporta, mas você sabe o que é real, não? Estar junto requer muito mais que palavras bonitas e momentos a dois. Exige mais que beijos e orgasmos. Exige muito; eu diria quase tudo, se não tivesse muito respeito pelos extremos. Vai. Pensa um pouco. Me ajuda. Lembra quando não sabíamos quem havia errado e acabamos colocando a culpa no tempo? Quando aqueles amigos, que jurávamos que nem brigavam, foram para lados opostos? Só o amor não foi o bastante. O cansaço dos dias, das brigas, dos opostos, do abrir mão… Os sorrisos que vão diminuindo tanto em tamanho, quanto em quantidade. Ainda há amor! Quando seus olhos se encontram e você pode sentir seu coração batendo mais forte, as mãos suadas dela, o tremer das pernas e o rubor das bochechas surgirem devagarinho quando você lhe toca o rosto. Não é mentira, não foi confusão, só que só amor não foi suficiente. Foram objetivos, valores, caminhos, oportunidades, vidas que, por mais que vividas a dois, são de apenas um de nós. Não adianta agarrar com unhas e dentes o sonho que você construiu, por mais feliz que ele seja, mesmo quando sonhado junto. Não é justo com ninguém, nem mesmo com você. Algumas vezes somos vencidos, pela rotina, pelo descompasso da vida, pelo desencontro. Ainda sim é melhor ter amado e deixado ir, do que nunca descobrir o que é o amor, você não acha? Melhor encarar que é preciso ir, com a cara limpa, antes que a boca despeje palavras duras demais para serem perdoadas. Levar na bolsa um diário contando esse romance e na mão um novo livreto em branco. Desacelerar os passos e aguçar os olhos, porque a felicidade deve estar dentro de nós, onde formos.