Eu sempre tive essa mania de ser mais, ou melhor, de querer ser sempre mais. Mais um sorvete, mais um sorriso, mais uma viagem, mais amigos, mais uma festa, mais um livro, mais uma opinião, sempre mais. Comecei a escrever porque já não cabia mais em mim. Sentir, não bastava; pensar era pouco, e tudo era intenso demais. Primeiro, era eu naquelas linhas íntimas, até descobrir que havia um pouco mais de você, que está por trás da tela; daquela amiga que você marcou no texto anterior; do cara que você conheceu na balada e nem lembra o nome, do primo do amigo que a sua irmã apresentou pra sua amiga. Eram tantas pessoas escritas nas histórias repetidas da vida, que o jeito foi escrever mais. Tão mais que me fez conhecer outras pessoas, outros sotaques e perdi o medo do mundo. O medo da rejeição, da insegurança, do erro. Não pense que eu sou esse posso de certezas, não! É que agora isso tudo já não pesa como antes. Descobri que esse mundão tem coração e que ele também já foi partido como o nosso. Não pense também que é simples assim, tirar pedra do caminho estraga o esmalte e é melhor usar tênis com amortecedor. Mas cá estamos nós, vencendo o mundo. Rasgando o peito em plena era revolucionária da internet sem limites. Correndo o risco. Quanta coragem! E também quanto amor, quanta dor, quanta saudade, quanta amargura, quantos olhos secos de tanto derramar seu pranto, quantos corações se auto remendando, quantas fotografias, que deviam ter parado no lixo, parando em gavetas, […]. Ainda há tantos de nós, ainda há tanto em nós. Tanto que não foi escrito, não foi vivido e, sobretudo, não sonhado. Ainda seremos felizes, ainda ouviremos mentiras, ainda vamos quebrar aquele vaso sem querer. A vida vai seguir seu rumo, esse que você tenta traçar mesmo a ventos fortes e até se esquece da sensação boa que é deixar os cabelos livres ao vento, por sorte, vou estar aqui para te lembrar. E também para dar aquele puxão de orelha quando sua luz começar a apagar. Esse é o meu papel, minha tinta, meu dom, traduzir essa língua estranha chamada sentimento, que nem sempre tem sentido, menos ainda tradução. Deixa isso comigo, é só não sumir que eu mostro quantas palavras mais eu tenho para esse livro que a gente escreve, chamado vida.
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