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Sobre reconstruir…

27 de setembro de 2016
Desde pequena que sou apaixonada por arquitetura, admirar construções e materiais. Quem me conhece um pouco mais sabe da minha “queda” por escadas, principalmente aquelas pomposas e que desafiam a física, fogem do tradicional e se sustentam por fios. Nos meus dias felizes na UFRJ eu costumava observar a escada da biblioteca do Centro de Tecnologia ~ me foge o bloco agora ~ ela é um espiral no centro do salão, feita de cimento queimado, exuberante e bruta ao mesmo tempo. Alguns prédios no centro da cidade também me chamam atenção, construções históricas como o centro de Paraty e o entrelaçado de ferro nos portos. Com isso desenvolvi uma habilidade a mais para reformas. Cresci numa casa que vivia em obra e com uma mãe que sempre pensava em como mudar alguma coisa. Então reformar sempre esteve no meu cotidiano. Dizem que mulher por si só já gosta de uma reforma; reformamos sapatos, bolsas, roupas, casas e pessoas.
No entanto, comecei a perceber que algumas coisas não são passíveis de reforma. Porque é necessário que haja uma estrutura firme para que o antigo seja transformado em novo, não adianta cobrir uma parede de porcelanato se a coluna estiver prejudicada. Ou colocar uma senhora porta de entrada, se não houver viga. Seja pela deterioração do tempo, seja pela estrutura anterior, seja pelo novo projeto, algumas coisas não podem ser receber ajustes. É necessário que seja totalmente destruído para que haja algo novo. A verdade é que é muito mais difícil reformar do que construir do zero. Numa reforma você nunca sabe o que vai encontrar pela frente e não sabe o grau dos problemas que vão surgir. Sim, sempre há mais do que se pode ver.
Então, como decidir quando reformar? Bem, se a reforma for na sua casa, chame um profissional qualificado! Mas quando a reforma é na vida, a coisa complica muito mais. Temos muita dificuldade de entender que, as vezes, é necessário deixar morrer. Aprendemos lá na escola, a muito tempo atrás, que tudo é um ciclo, como começo, meio e fim. O problema é que não estamos preparados para esse fim. Vamos reformando e retocando as coisas sem nos preocuparmos muito com a estrutura, até que tudo vem a baixo. Relações, sentimentos, projetos, nós mesmos, tudo, precisa estar bem edificado para segurar as porradas da vida. Caso contrário, qualquer vento mais forte te derruba.
Precisamos ser avaliadores de nós mesmos, conferindo os alicerces, a fundação, a fiação, o telhado, observar infiltrações e as reincidências de problemas. Buscar as causas e ser franco na hora de desistir. Fita crepe não resolve tudo. Pare de se contentar com remendos, quando você pode construir algo belo e novo. Existe um lugar especial para as construções que não duraram: as lembranças. Se você foi feliz, mesmo que por um pequeno espaço de tempo, no seu sonho, na sua história, no seu relacionamento, na sua aventura, essa lembrança estará lá. E ninguém poderá dizer que não valeu a pena, a não ser você. E parta para o novo com as experiências  adquiridas, com a alma limpa e sem medo de dar errado. Esse conceito de errado é muito questionável!
Porém se, no fim dessa avaliação, ainda houver chance de conserto, não desista! Mesmo sendo mais difícil ou mais trabalhoso. Existem obras de arte belíssimas construídas com materiais que já foram chamados de lixo. Casarões do século XIX que são verdadeiros monumentos. Pode dar certo sim! E somente você pode decidir a hora de desistir ou insistir. A verdade é que seja qual for a sua escolha, ela vai exigir o máximo de comprometimento, só assim somos capazes de sair das relações rasas e sonhos pequenos para alcançarmos as maçãs do topo da árvore e as montanhas mais altas.

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2 Comments

  • Reply
    Sabrina Galdino
    28 de setembro de 2016 at 12:44

    Gostei muito do seu post, desse texto e muitos de nós precisam de mudanças o tempo todo e realmente, não sabemos o que vem pela frente e fazemos mais do que achamos que fosse.
    mas tem muita gente também que precisa de reforma e acaba se enferrujando.

    Fases&Estações

  • Reply
    Julia Melo
    5 de outubro de 2016 at 09:51

    Lu, você sempre me toca com suas palavras. Fico encantada por sua escrita cada dia mais e mesmo não aparecendo muito por aqui via comentários, sempre estou acompanhando o blog que me ajuda demais! Amei o texto e faço das suas palavras, as minhas.

    Ah, eu criei uma TAG(http://www.porfavorjulia.com/2016/10/o-que-te-inspira.html) lá no blog e te indiquei para responder. Depois dá uma passada por lá!

    Beijinhos,

    Ju.
    porfavorjulia.com

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