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Talvez

21 de agosto de 2015
Por que é tão difícil seguir em frente mesmo quando essa é a melhor escolha? Já não cabe mais entre nós as mesmas velhas promessas, as tentativas inúteis de reconciliação, as palavras que usávamos como arma num duelo em que não existem vencedores. A gente deve seguir em frente, mas não é tão simples quanto parece. São lembranças felizes, beijos apaixonados, fotos de viagens, ou talvez, sejam sonhos, já não sei bem o quanto eu inventei de nós. Talvez você só existisse assim dentro de mim. Lembro-me da sensação boa de deitar em seu peito no fim do dia e sentir o cheiro de roupa limpa. No armário ainda tem umas duas camisas e é provável que eu ache alguns pés de meia na minha gaveta. Sei que você teve que lidar com alguns brincos e um batom na pia do banheiro. Você vem devolver? Talvez possa entrar um pouco, quem sabe tomar uma taça ou duas daquele vinho que compramos na viagem a Reina de Plata. Podemos conversar como nos velhos tempos. De certo acabaríamos no quarto, sempre foi nossa melhor performance. Só que antes do café tudo já estaria perdido. Nós dissemos que dessa vez não tinha volta. Preciso me acostumar a viver sem você. E com mais de mim, mesmo que a parte devolvida esteja em pedaços. Mas, talvez, se aquela música tocar, eu não consiga segurar as lágrimas que tenho guardado. E acho melhor guardar o casaco cinza, para os dias de inverno. Eu não consigo deixar você ir… já não sei mais o que é minha historia e o que foi nós dois. Quer saber, eu vou abrir aquela garrafa, para não correr o risco de dividi-la com você. Assim vai ser melhor, eu disse melhor, não fácil. Eu ainda vou voltar atrás e te ligar, quem sabe eu desligue antes de você atender, quem sabe eu escute a sua voz e você vai saber que sou eu só pelo silencio do outro lado. Você ainda vai errar o caminho de casa e passar pela minha rua no fim do trabalho, talvez estacione do outro lado da rua só para sentir o cheiro do jasmim florescendo, aquele que plantamos juntos no verão que achamos que podíamos escrever um livro. Sempre houve muito amor, nós só não soubemos amar. Fomos egoístas, fracos, nos seguramos nas beiradas para não nos machucarmos e olha aonde chegamos! Não tinha que ser assim… Fomos as pessoas certas no tempo errado. Agora é hora de seguir em frente, esquecer todas as frustrações, todas as ilusões, toda mágoa. É hora de me perdoar e de te perdoar. Tentar ver o mundo que ainda não conheço, mesmo que a cada nova descoberta eu tenha que me segurar para não correr e te contar.

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